segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

POLÍTICA E CINEMA EM TIRADENTES (MG)

INQUIETAÇÕES POLÍTICAS

Muito se fala em política no cinema, em cinema político, mas muitas vezes os termos, de tão usados e abusados, a torto e a direito, perdem um tanto de seus sentidos. Não fiquemos restritos, portanto, a noções estritas e institucionalizadas (de política e de cinema político). Levemos em consideração um processo para além de partidos, governos, associações de classe, para além de cinebiografias sobre políticos, denúncias de corrupção e crimes em geral, para além de evidências das fissuras de uma configuração social desequilibrada, assim como de representações de golpes e contra golpes. 

14ª Mostra de Cinema de Tiradentes amplia o alcance das frequentes e recentes discussões sobre arte, estética e política entre pesquisadores de cinema, artistas plásticos e teóricos da arte em geral ao refletir sobre os caminhos de um cinema brasileiro composto de um número considerável de filmes em alguma medida com propostas políticas. 

A realização do evento no mês de janeiro, ainda no primeiro mês de um novo governo, potencializa ainda mais a discussão do político. Sobretudo quando, no fim de 2010, Trope de Elite 2 se encaminhou para o posto de filme brasileiro mais visto de todos os tempos, com sua visão distópica sobre a criminalização da política institucionalizada e da instituição polícial. O enorme sucesso do filme é inversamente proporcional a frequência de outros filmes com a mesma frontalidade de enfoque. Tropa de Elite 2 não usa de meias palavras. 

Todo processo político visa a manutenção ou transformação de uma forma de organização social. No entanto, em cinema como em toda a arte, o político não é, apenas, a temática. É também, se não principalmente, a forma de olhar: a estética.
O cinema político a ser discutido em Tiradentes, portanto, é discutido em sua forma. Não se trata apenas de filmes com temática política, mas obras com uma política da representação e de construção de seus mundos, seus personagens, ora apenas expondo mal estares sem se preocupar com relações mais amplas desse sofrimento, ora promovendo com a própria linguagem uma reação a seu entorno. É preciso refletir qual a potência dessas formas políticas atuais, se mobilizam afetos e ideias, se apenas são manifestações reativas, se têm um valor.

Cleber Eduardo
Curador

domingo, 26 de setembro de 2010

POLÍTICA E PORTINARI

O ano de 1945 é marcado pela derrota do nazi-fascismo e conseqüente fortalecimento das idéias democráticas. No Brasil, essas idéias produzem amplo movimento popular, que visa dois pontos básicos: anistia e eleições. A crise do Estado Novo é evidente.

O Partido Comunista Brasileiro (PCB), única organização que, mesmo na clandestinidade, se identificava com a resistência à ditadura e com as idéias libertárias, cataliza grande parte desse processo. Artistas e intelectuais aglutinam-se em torno de suas propostas transformadoras.
O PCB lança candidato próprio à presidência da República e, para a Assembléia Constituinte, reúne o maior número possível de nomes conhecidos e de prestígios.
É assim que Portinari, Jorge Amado, Caio Prado Júnior e outros integram suas chapas nos estados. As eleições realizam-se em dezembro, o PCB elege um senador – Luiz Carlos Prestes – e 14 deputados, entre os quais Jorge Amado; Portinari não é eleito.

Nas eleições de 1947, novamente candidato, concorrendo a uma cadeira no Senado, desde o início da apuração o nome de Portinari parece se afirmar. No entanto, não é eleito por pequena margem, o que põe em dúvida a lisura do pleito. Em maio o Tribunal Superior Eleitoral cancela o registro do PCB e o partido volta à clandestinidade.
O acirramento da perseguição aos comunistas leva Portinari a viajar para o Uruguai em exílio voluntário.
Em maio de 1951 é lançado o movimento de artistas ampla aos cidadãos presos ou perseguidos por "delito de opinião", entre os quais Portinari.
Portinari nunca se desligou do Partido Comunista, embora tenha se afastado da política partidária em seus últimos anos.

In.: www.casadeportinari.com.br

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A MÚSICA DOS PÁSSAROS

O pássaro de estimação de Mozart

Dennis Fisher
Salmo 104:1-13
…as aves do céu […]por entre a ramagem, desferem o seu canto. —Salmo 104:12

Mozart é reverenciado como um gênio da composição musical. Em certa ocasião, ele foi inspirado até mesmo pela melodia de um pássaro. Mozart tinha um melro cujo canto o fascinava tanto, que dizem ter escrito uma composição musical baseada na melodia que ouvira nos gorjeios do pássaro.

Os pássaros também eram uma inspiração para o salmista. No Salmo 104, ele louva a Deus por cuidar das criaturas vivas que colocou na terra. Em suas observações ele inclui os pássaros que voam acima nos céus, pousam nos galhos das árvores, e cantam melodias de verdadeira alegria: “Têm as aves do céu o seu pouso e, por entre a ramagem, desferem o seu canto” (v.12). A natureza enchia o coração do salmista de louvor a Deus, e penso que os sons musicais dos pássaros também se incluíam.

Muitas vezes as maravilhas que vemos na criação nos motivam a adoração. Este tema é repetido por toda a Escritura: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Salmo 19:1). O estímulo que a natureza oferece para o louvor não precisa se limitar ao que é visível. Pode também ser ampliado, para incluir os sons da natureza. Enquanto cuidamos de nossas tarefas rotineiras, podemos sintonizar nossos corações com as melodias que Deus colocou em Suas criaturas e permitir que sirvam como um recurso de louvor do Criador.

In: ministeriosrbc.org, (20/08/2010)


Acesse: www.viaarte.org


domingo, 1 de agosto de 2010

FLIP 2010: Por que homenagear Gilberto Freyre?

Homenagear Freyre

dezembro 15, 2009 por Flavio Moura


Justificar a homenagem da FLIP é sempre um malabarismo retórico. No fundo ela não precisa de explicação, já que o filme costuma ser muito parecido: em todos os casos, está em jogo a celebração da obra de um autor canônico da tradição brasileira.

Claro que o alcance crítico é limitado. Como são nomes de grande porte, a quantidade de seminários e colóquios já realizados a respeito deles, a riqueza da fortuna crítica, o conjunto, enfim, do que já se disse a respeito está bem acima do que se pode fazer num evento para grande público como a FLIP.

Por isso não tem como não soar artificial sempre que a curadoria fala em “redimensionar” a figura do homenageado, ou ainda em “resgatar” a importância da obra ou qualquer platitude semelhante.

Importa mesmo o fato de que num país como o Brasil, sempre que há ocasião para falar de autor importante – e a FLIP é uma excelente ocasião –, alguma contribuição terá sido dada.

Alguns critérios são respeitados para a escolha do nome. Neste ano, mais que uma efeméride ou movimento editorial importante, o que motivou a decisão foi o momento particular que vive o Brasil. Pareceu à curadoria que era preciso escolher escritor que tivesse feito da reflexão sobre o país a razão de ser da sua obra. Nesse contexto, há poucos como Gilberto Freyre.

A idéia é trazer para o primeiro plano o debate sobre os rumos do Brasil. A tentativa de fixar uma “identidade brasileira”, a volta do ufanismo nesses últimos anos de era Lula, as aspirações de protagonismo do país no cenário internacional, todos esses temas me parecem dignos de discussão no âmbito dessa homenagem.

Já faz algum tempo, desde o centenário de Gilberto Freyre, em 2000, que trabalhos de relevo vêm sendo publicados sobre o autor e que o debate em torno da obra está aceso. A homenagem da FLIP é mais uma ação nesse cenário bem mais amplo de recuperação e reavaliação de seu legado.

Pode haver antipatia por causa das posições políticas que Freyre assumiu nos anos 1960 e 1970. Vale também perguntar se o elogio que ele faz da sociedade patriarcal combina com o que se deve esperar de um pensador progressista. As críticas procedem e as fragilidades são muito evidentes para não ser debatidas.

Mas o mais importante de sua contribuição não está em xeque. A mestiçagem vista como vantagem, e não defeito, a ênfase sobre a cultura em detrimento da raça, a inovação ao abordar temas da vida cotidiana e íntima (antecipando procedimentos que a história viria a privilegiar nas décadas seguintes), as virtudes inegáveis de prosador, tudo isso está consolidado acima dessas resistências.

Que seja figura controversa é traço que só acrescenta interesse à homenagem.

In: www.flip.org.br

terça-feira, 27 de julho de 2010

TEATRO PARA DEUS?

"Eu não faço teatro para Deus!"

Leandro Fazolla

( leofazolla@gmail.com )

Cristão católico, graduando em História da Arte pela UERJ,

membro da Cenáculo Cia. Teatral.

Antes de entrar no tema propriamente dito, gostaria de fazer algumas ressalvas.

- Primeiro: não pretendo que este seja um artigo acadêmico de teatro ou de teologia. Na verdade, não pretendo nem mesmo que seja um artigo acadêmico. Caso contrário, teria que buscar bibliografias, autores e citações que viessem a fundamentar minhas colocações, coisa que não vou fazer.

- Segundo: quero deixar claro que não sou um teórico em teatro e nem formado em teologia. Minha formação, ainda em andamento, é em História da Arte. Por isso, peço desculpas pelas possíveis e prováveis informações equivocadas que venham a aparecer neste texto, principalmente em relação ao próprio teatro.

- Terceiro: as opiniões contidas neste texto são minhas, e unicamente minhas, não sendo, necessariamente, a visão da minha religião ou da companhia de teatro da qual participo.

Bem, vamos ao que interessa.

Um dos grandes questionamentos que tenho em relação ao Teatro Cristão, é exatamente a finalidade deste tipo de produção teatral. Muitos colocam em primeiro lugar a questão do uso do teatro como ferramenta de evangelização. Este tipo de trabalho foi amplamente adotado pela própria Igreja para converter novos fiéis, principalmente durante a Idade Média. Na verdade, desde os primórdios do Cristianismo, a arte, de forma geral, sempre foi uma ferramenta importante na propagação da Boa Nova. Quando poucos sabiam ler, os desenhos falavam e ensinavam para os cristãos sobre Jesus Cristo (Neste período, temos as imagens de Jesus Cristo como professor). Quando ainda tinham que se esconder dos imperadores romanos, os símbolos eram utilizados como forma dos cristãos reconhecerem uns aos outros (Como no caso do ICHTUS, o peixe formado por apenas duas linhas curvas). Porém, não podemos, em pleno século XXI, ignorar toda a História da Arte e utilizar parâmetros retrógrados para justificar a nossa produção contemporânea.

Com os contínuos questionamentos que ocorreram durante toda a história da humanidade, a arte foi caminhando cada vez mais para a independência de suas linguagens. Pouco a pouco, foi se desvinculando do utilitarismo, de razões que precisassem justificar sua existência. Não mais faríamos pintura para catequizar ou "enfeitar", não mais precisaríamos de razões para produzir obras de arte, porque estas se bastam por si mesmas. E é exatamente nesta linha de raciocínio que a arte chega até nós, sem precisar de razões, sem precisar de significados. Quantas vezes, vendo uma obra de arte contemporânea, não ficou o questionamento “O que isso significa?”. E a resposta é exatamente a que ninguém quer ouvir: “Isto não significa nada”. A obra de arte não precisa significar nada, remeter a nada, porque ela deve se bastar a si mesma. O único objetivo da obra de arte deve ser ela mesma. Por isso, quando perguntamos porque determinada propaganda, muito boa, não é obra de arte, a resposta é, inicialmente, simples: Porque não foi feita para ser obra de arte, foi feita para vender um produto. Pode ter qualidade de arte, mas o utilitarismo retira essa especificidade. Não pensem, porém, que isto é simples, muitos autores, críticos e pesquisadores divergem quanto a esses assuntos, ainda mais em tempos em que a arte, a tecnologia e as mídias estão em plena convergência.

E o que tudo isso tem a ver com teatro? Bem, tem a ver porque creio que o principal ponto em que devemos chegar é: Eu quero fazer teatro ou eu quero fazer catequese? Eu quero fazer teatro ou eu quero fazer um rito? Podemos utilizar o teatro como ferramenta, mas o que queremos fazer é realmente teatro? Afinal, o teatro sempre esteve presente em diversas formas de comunicação na sociedade. Trazendo para o âmbito das igrejas, as missas católicas, por exemplo, são uma grande teatralização. Dentro desta tradição, temos a consagração do vinho e da hóstia sagrada, remetendo diretamente à Santa Ceia. Ali, o objetivo principal é um culto, um rito. Não podemos dizer que o que está sendo feito perante a assembléia é uma apresentação teatral, pois o teatro implica certas especificidades. E eu creio que uma destas especificidades seja exatamente a presença de uma plateia. Como já coloquei, não sou teórico no assunto, mas não conheço apresentações teatrais que não sejam feitas com o objetivo de alcançar uma plateia, por menor que seja. Quando pensamos nas origens do teatro, nas festas a Baco, ali, sim, creio que haja algo em que o deus seja o objetivo final, assim como nos casos de manifestações indígenas em que teatralizações são feitas. Mas, novamente, não acredito que nestes casos esteja sendo feito teatro como o concebemos hoje, mas um rito que utiliza da linguagem do teatro para acontecer, e que , no caso da Grécia Antiga, acabou por gerá-lo. No filme Bodas de Sangue, Carlos Saura utiliza bailarinos e uma sala de dança para filmar o que se tornou uma espécie de musical. Já em Dogville, Lars von Trier utiliza um grande espaço aberto e um cenário ausente, dando a impressão de que assistimos a uma peça de teatro. Mas em ambos os casos, em nenhum momento temos dúvida de que o que vemos são filmes. Filmes que utilizam fragmentos da linguagem do teatro e da dança para acontecerem, mas que ainda assim são filmes. Porque, assim como todas as artes (antes do hibridismo que começa a acontecer principalmente no período pós-moderno), o cinema tem suas próprias especificidades.

Então, porque eu digo que não faço teatro para Deus? Porque, ao fazer teatro, eu tenho o intuito de atingir a uma plateia, e não a Deus. É para esta plateia que estou fazendo meu trabalho. E se o objetivo principal for fazer catequese utilizando o teatro como linguagem para evangelizar, aí mesmo é que acho que não devemos fazer para Deus, porque, posso estar errado, mas creio que todos concordamos que Ele não precisa ser evangelizado, não é? Acredito que possamos dizer que estamos fazendo teatro cristão para colaborar na obra de Deus, para nos deixarmos usar por Ele como instrumentos de comunicação, propagação de uma fé, mas ainda assim não estaremos fazendo isto para Ele enquanto receptor, e sim para uma plateia. Isto porque, como foi colocado por uma das congressistas durante o debate, ninguém ensaia meses, manda fazer figurino, pensa sonoplastia e iluminação, produz cenários e faz maquiagem para entrar num palco vazio e se apresentar para Deus. Pelo menos nenhum grupo que eu conheço se apresentou quando não havia, pelo menos, uma pessoa para assistir. Se fizéssemos para Deus, não apresentaríamos sem ninguém para assistir? Mas, se o fizéssemos dessa forma, ainda assim seria teatro ou seria um culto, um rito?

Acredito que o mais conveniente seria dizermos que fazemos teatro cristão porque nós acreditamos em uma obra, porque nós acreditamos em uma mensagem que deva ser partilhada, que deva ser sentida pelos outros. Acho inconveniente até mesmo dizermos que fazemos teatro para Deus porquê Ele precisa que anunciemos Sua palavra. Não creio que Ele precise disso, porque se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão. Acho que o ideal é assumirmos que fazemos teatro cristão para uma plateia, porque nós acreditamos no que fazemos, porque nós sentimos a necessidade de partilhar, de comunicar, de transmitir a nossa arte aos outros. Porque aí, sim, quando estivermos fazendo teatro como transmissão, como comunicação, e não apenas como ensinamento, catequese, talvez aí cheguemos ao status de obra de arte, de teatro "de verdade". Porque a obra de arte se completa no outro. De nada valeria o teto da Capela Sistina se Michelangelo não tivesse o outro com o qual comunicou sua produção artística. Da Vinci nunca seria da Vinci se não houvesse o receptor. Talvez nós não possamos ser teatro se não houver plateia, assembléia, público ou como preferirem chamar.

Mas por que eu acredito ser tão problemático dizer que estamos fazendo teatro para Deus? Simplesmente porque Deus deixou de ser o objetivo para se tornar a muleta. Sim, muleta! Nós nos apoiamos em Deus quando não sabemos andar direito, ao invés de tentar dar o doloroso passo. Quantos não ouviram frases do tipo: “Se ninguém gostar, não liga, não. Porque você não faz para os outros, você faz para Deus”. Nós devemos, sim, fazer para o outro, porquê é nele que queremos manifestar Deus. Nós devemos fazer para o outro, porquê o outro é crítico, porque o outro não vai sentir Deus se a cena não comover de verdade, porque o outro não vai chorar, rir, refletir, se a coisa não estiver bem feita! Creio que aí está o grande problema em fazermos teatro para Deus: nas nossas mentes, acreditamos que Deus entende as nossas limitações, as nossas fraquezas. E já que Ele entende tudo isso, não precisamos buscar mais, não precisamos dar o nosso sangue pelo teatro cristão, porque, mesmo se a qualidade do trabalho não for boa, mesmo se ninguém gostar, nós estamos fazendo para Deus. E não estou dizendo que acreditemos que Ele mereça um trabalho de baixa qualidade. O que acontece é que nós conhecemos Sua misericórdia, e sabemos que Ele entende, e que mesmo nos dando o máximo, Ele se contenta com o mínimo que fazemos em Seu nome. E, assim, ficamos presos ao pouco. Continuamos usando Deus como muleta para nossa falta de força, nossa falta de comprometimento com o nosso trabalho, nossa falta de profissionalismo e disposição para correr atrás do que é necessário para evoluir.

Eu faço teatro para o outro, porque o outro é crítico, porque o outro vai rir se não estiver bem feito, porque o outro não vai aplaudir se não gostar, e assim, não vai sentir verdadeiramente Deus. Eu faço teatro para o outro, porque o outro só vai estar satisfeito quando eu der o meu melhor. E as coisas nas quais eu acredito, a minha fé, as minhas crenças, merecem que eu dê o meu melhor.

Por isso, mesmo com toda a polêmica, mesmo sendo incompreendido, mesmo tendo pessoas que ficaram “profundamente preocupadas” com a minha declaração, eu continuarei não fazendo teatro para Deus, porque ao fazer teatro para o outro, estarei dando ao meu trabalho e ao meu irmão o meu melhor e, em conseqüência, amando-o tanto quanto Deus me amou e quanto eu O amo.


FONTE: www.arenadecristo.net

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

QUEREM ACABAR COM O PALÁCIO CAPANEMA



O Capanema é da Cultura e da Educação!

O Palácio Gustavo Capanema, por onde passam a história da educação e da cultura brasileira, está sob a ameaça de perder seu caráter de símbolo cultural do país e se transformar em sede do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de 2016. Essa é a intenção, já anunciada, do governador Sérgio Cabral.

Não é a primeira tentativa de descaracterização do prédio. É bom lembrar que, em 2008, o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) apresentou o projeto de lei 2.929, não aprovado, propondo a doação do Palácio ao Estado do Rio de Janeiro. Na justificativa de seu projeto, o senador utilizava o argumento da economia que a doação representaria para o Estado do Rio de Janeiro:

“É de conhecimento de todos que o Poder Público Federal ainda detém grande número de imóveis na cidade do Rio de Janeiro, a despeito de já se terem passado quase cinqüenta anos da transferência da capital do país. De seu turno, o Governo do Rio de Janeiro, na ausência de infra-estrutura própria suficiente para abrigar os órgãos da sua Administração Pública vê-se na necessidade de despender significativo montante de recursos para pagamento de aluguéis dos prédios onde funcionam os serviços públicos estaduais. Por exemplo, o prédio onde funciona o DETRAN é alugado por mais de R$ 800.000 por mês.”

Resumo da ópera: o prédio que abriga um tesouro artístico e dispõe de galerias, auditórios, bibliotecas, salões e jardins correu seriamente o risco de vir a ser transformado em sede do DETRAN.

Os argumentos do senador eram os mesmos hoje usados pelo governador: má utilização do prédio. Esses argumentos não resistem à realidade: seus 16 andares estão ocupados em toda sua plenitude por órgãos dos ministérios da Educação e da Cultura : as representações do MEC e do MinC, o Iphan, a Funarte, o Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional e a Fundação Palmares. Em suma, a economia para a administração pública estadual resultaria no aumento nas despesas do Poder Público Federal já que a doação implicaria na exigência de aluguel de novos espaços para realocar as instituições federais lá instaladas.

O uso do Palácio Capanema sempre esteve relacionado a seu histórico. Essa intenção de transformá-lo em sede burocrática do comitê organizador de um grandioso evento esportivo não leva em consideração uma série de limitações decorrentes de sua condição de prédio tombado: não se pode alterar o interior, que é constituído por pequenos compartimentos, os lambris têm que ser mantidos, os móveis têm que ser originais ou réplicas perfeitas.

Além disso, o Ministério da Educação já investiu R$ 900 mil na elaboração de um projeto que visa a implantar no Palácio um Centro de Referência em Educação e Cultura. As ações do Centro trabalhariam quatro eixos temáticos:

• Movimentos sociais, culturais e educacionais e a formação da escola brasileira;

• Pensamentos pedagógicos e culturais na modernidade brasileira;

• Políticas, legislação e direitos educacionais;

• Múltiplas linguagens artísticas.

Por todos os motivos expostos acima, Molon está coordenando um abaixo-assinado dirigido ao presidente Lula solicitando que a realização deste importante evento esportivo na cidade não seja usada para despejar a cultura e a educação do Palácio Gustavo Capanema. Artistas e educadores como Paulo Betti, Cristina Pereira, João Cândido Portinari, Carlos Roberto Jamil Cury, Esther Arantes e Célia Linhares já assinaram.

FONTE: Email que circula na internet


domingo, 21 de fevereiro de 2010

DEUS E A CIÊNCIA

Uma palhinha para Deus

A campineira e pesquisadora da Nasa, Gladys Vieira Kober, junta filosofia, cosmologia e astrofísica em palestra sobre a existência de Deus, que ocorre na sexta-feira (27), na Igreja Presbiteriana Central de Campinas. Gladys vai abordar o porque aquele que era considerado o maior ateu do século 20 tornou-se um fiel devoto.

O filósofo inglês Antony Flew passou boa parte da vida (nasceu em 1923) publicando obras antiteístas e, em 2004, anunciou publicamente que mudava de lado - publicou livro com um título simples e direto, "Há um Deus" ("There is a God"). Aproveitando a biografia de Flew, Gladys mostra ainda como a ´alta` ciência chega a "uma inteligência por trás do Universo".

Ainda não conheceço a obra de Flew mas, além de curioso, fiquei pensando que ele percorreu um enorme caminho para chegar onde chegou: o mesmo lugar de um seu conterrâneo, o também filósofo e ensaísta Gilbert Keith Chesterton, que passou a vida sem qualquer dúvida sobre Deus e ainda deixou uma pedra fundamental na defesa da fé - o livro "Ortodoxia" teve edição comemorativa no Brasil, no ano passado, quando completou 100 anos da primeira publicação.

Chesterton viveu a onda positivista do final dos 1800 e início dos 1900, que queria (ainda quer) tirar Deus de tudo, principalmente da ciência. Imagino como seria um encontro dele, por exemplo, com Gladys ou o próprio Flew.

Chesterton era modernérrimo; conhecia a ciência de sua época e desdenhava das apirações a que se lançava. Em "Ortodoxia", o fiel soldado do invisível escreveu - em 1908 -, que o barulho "dos carros" das ruas de Londres era insuportável; é o primeiro manifesto contra a poluição urbana que conheço.

Gladys está entre as pessoas por trás da publicação no Brasil do livro "Mostre-me Deus - O que a mensagem do espaço nos diz a respeito de Deus, do jornalista dos Estados Unidos, Fred Heeren, que obteve algum sucesso naquele país.

De Chesterton: "É infrutífero falar da contraposição entre razão e a fé. A razão é ela mesma uma questão de fé. É um ato de fé asseverar que nossos pensamentos têm alguma relação com a realidade".


Por Aray Nabuco, 29/11/09, in.: eptv.globo.com/urblog