INQUIETAÇÕES POLÍTICAS
Muito se fala em política no cinema, em cinema político, mas muitas vezes os termos, de tão usados e abusados, a torto e a direito, perdem um tanto de seus sentidos. Não fiquemos restritos, portanto, a noções estritas e institucionalizadas (de política e de cinema político). Levemos em consideração um processo para além de partidos, governos, associações de classe, para além de cinebiografias sobre políticos, denúncias de corrupção e crimes em geral, para além de evidências das fissuras de uma configuração social desequilibrada, assim como de representações de golpes e contra golpes.
A 14ª Mostra de Cinema de Tiradentes amplia o alcance das frequentes e recentes discussões sobre arte, estética e política entre pesquisadores de cinema, artistas plásticos e teóricos da arte em geral ao refletir sobre os caminhos de um cinema brasileiro composto de um número considerável de filmes em alguma medida com propostas políticas.
A realização do evento no mês de janeiro, ainda no primeiro mês de um novo governo, potencializa ainda mais a discussão do político. Sobretudo quando, no fim de 2010, Trope de Elite 2 se encaminhou para o posto de filme brasileiro mais visto de todos os tempos, com sua visão distópica sobre a criminalização da política institucionalizada e da instituição polícial. O enorme sucesso do filme é inversamente proporcional a frequência de outros filmes com a mesma frontalidade de enfoque. Tropa de Elite 2 não usa de meias palavras.
Todo processo político visa a manutenção ou transformação de uma forma de organização social. No entanto, em cinema como em toda a arte, o político não é, apenas, a temática. É também, se não principalmente, a forma de olhar: a estética.
Muito se fala em política no cinema, em cinema político, mas muitas vezes os termos, de tão usados e abusados, a torto e a direito, perdem um tanto de seus sentidos. Não fiquemos restritos, portanto, a noções estritas e institucionalizadas (de política e de cinema político). Levemos em consideração um processo para além de partidos, governos, associações de classe, para além de cinebiografias sobre políticos, denúncias de corrupção e crimes em geral, para além de evidências das fissuras de uma configuração social desequilibrada, assim como de representações de golpes e contra golpes.
A 14ª Mostra de Cinema de Tiradentes amplia o alcance das frequentes e recentes discussões sobre arte, estética e política entre pesquisadores de cinema, artistas plásticos e teóricos da arte em geral ao refletir sobre os caminhos de um cinema brasileiro composto de um número considerável de filmes em alguma medida com propostas políticas.
A realização do evento no mês de janeiro, ainda no primeiro mês de um novo governo, potencializa ainda mais a discussão do político. Sobretudo quando, no fim de 2010, Trope de Elite 2 se encaminhou para o posto de filme brasileiro mais visto de todos os tempos, com sua visão distópica sobre a criminalização da política institucionalizada e da instituição polícial. O enorme sucesso do filme é inversamente proporcional a frequência de outros filmes com a mesma frontalidade de enfoque. Tropa de Elite 2 não usa de meias palavras.
Todo processo político visa a manutenção ou transformação de uma forma de organização social. No entanto, em cinema como em toda a arte, o político não é, apenas, a temática. É também, se não principalmente, a forma de olhar: a estética.
O cinema político a ser discutido em Tiradentes, portanto, é discutido em sua forma. Não se trata apenas de filmes com temática política, mas obras com uma política da representação e de construção de seus mundos, seus personagens, ora apenas expondo mal estares sem se preocupar com relações mais amplas desse sofrimento, ora promovendo com a própria linguagem uma reação a seu entorno. É preciso refletir qual a potência dessas formas políticas atuais, se mobilizam afetos e ideias, se apenas são manifestações reativas, se têm um valor.
Cleber Eduardo
Curador
Cleber Eduardo
Curador
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