segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

LEI DO VOLUNTARIADO

LEI DO VOLUNTARIADO


LEI nº 9.608, de 18 De Fevereiro De 1998
Dispõe sobre o serviço voluntário e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 1. Considera-se serviço voluntário, para fins desta lei, a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive, mutualidade.
Art. 2. O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo constar o objetivo e as condições do seu exercício.
Art. 3. O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias.
Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário.
Art. 4. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 5. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 19 de Fevereiro de 1998; 177 da Independência e 110 da república
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Paiva
(Publicado no Diário Oficial da União, de 18/02/98).




sábado, 27 de dezembro de 2008

REFORMA ORTOGRÁFICA

Confira o guia rápido das mudanças da reforma ortográfica
O desaparecimento do trema e de acentos passa a valer no dia 1º.

Simone Harnik, portal G1.com

As novas regras ortográficas passam a valer no dia 1º de janeiro de 2009. Para você se acostumar com as mudanças, o G1 elaborou um guia rápido com as principais alterações na escrita, como o desaparecimento do trema, a queda de acentos e os novos padrões para uso do hífen. A idéia é que você imprima, cole em sua agenda, no caderno, ou deixe ao lado do computador.

De acordo com o decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até 2012 valem as duas formas de escrever: a antiga e a nova. No Ano Novo começa o chamado “período de transição”. Portugal, que também aprovou o acordo ortográfico adotará as novas regras até 2014. (O texto continua abaixo do gráfico)

O guia rápido traz as mudanças que já estão definidas. Ainda há exceções - por exemplo, no uso do hífen - que deverão ser discutidas entre as Academias de Letras dos países que falam a língua portuguesa. Espera-se que a Academia Brasileira de Letras organize um vocabulário até fevereiro de 2009. Vale lembrar que o que muda é a grafia. Ou seja, nada de pronunciar “lin-gui-ça”. A fala continua a mesma, mesmo sem os dois pontinhos em cima do “u”.

Veja as principais mudanças na ortografia:

* Trema – desaparece em todas as palavras:
Antes
Freqüente, lingüiça, agüentar.

Depois
Frequente, linguiça, aguentar.
Obs.: Fica o acento em nomes como Müller.

* Acentuação 1 – some o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (as que têm a penúltima sílaba mais forte):
Antes
Européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia, paranóia, jibóia, assembléia.

Depois
Europeia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia, paranoia, jiboia, assembleia.
Obs.: Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte).

* Acentuação 2 – some o acento no i e no u fortes depois de ditongos (junção de duas vogais), em palavras paroxítonas:
Antes
Baiúca, bocaiúva, feiúra.

Depois
Baiuca, bocaiuva, feiura.
Obs.: Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú ou Piauí.

* Acentuação 3 – some o acento circunflexo das palavras terminadas em êem e ôo (ou ôos):
Antes
Crêem, dêem, lêem, vêem, prevêem, vôo, enjôos.

Depois
Creem, deem, leem, veem, preveem, voo, enjoos.

* Acentuação 4 – some o acento diferencial:
Antes
Pára, péla, pêlo, pólo, pêra, côa.

Depois
Para, pela, pelo, polo, pera, coa.
Obs.: Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) / pode (presente). Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circunflexo.

* Acentuação 5 – some o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui, que, qui, de verbos como averiguar, apaziguar, arguir, redarguir, enxaguar:
Antes
Averigúe, apazigúe, ele argúi, enxagúe você.

Depois
Averigue, apazigue, ele argui, enxague você.
Obs.: As demais regras de acentuação permanecem as mesmas.

* Hífen – veja como ficam as principais regras do hífen com prefixos:
Prefixos:
Agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini, semi, sobre, supra, tele, ultra...
Usa hífen_ Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do prefixo: auto-hipnose, auto-observação, anti-herói, anti-imperalista, micro-ondas, mini-hotel.
Não usa hífen_ Em todos os demais casos: autorretrato, autossustentável, autoanálise, autocontrole, antirracista, antissocial, antivírus, minidicionário, minissaia, minirreforma, ultrassom.

Hiper, inter, super
Usa hífen_ Quando a palavra seguinte começa com h ou com r: super-homem, inter-regional.
Não usa hífen_ Em todos os demais casos: hiperinflação, supersônico.

Sub
Usa hífen_ Quando a palavra seguinte começa com b, h ou r: sub-base, sub-reino, sub-humano
Não usa hífen_ Em todos os demais casos: subsecretário, subeditor.

Vice
Sempre usa hífen: vice-rei, vice-presidente.

Pan, circum
Usa hífen_ Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais: pan-americano, circum-hospitalar.
Não usa hífen_ Em todos os demais casos: pansexual, circuncisão.

Fonte: professor Sérgio Nogueira

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

POEMA NATALINO DE MYRTES MATHIAS

Natal em Emaús




É natal!

E no natal a gente sempre espera que aconteça um milagre.

Mas, ás vezes, a gente espera, espera e cansa, como os discípulos de Emaús:

– Senhor, é já hoje o terceiro dia, o terceiro mês, o terceiro ano...

Então, de repente, vejo-me passando às mãos do Mestre todas as mágoas, frustrações e dor.

E ele, mansamente, começa a fazer-me lembrar as bênçãos e vitórias alcançadas durante todo o ano, toda a vida: ás vezes sem conta em que o socorro chegou, talvez não como eu havia pedido ou esperado, mas sempre concorrendo para o meu próprio bem.

Enquanto minha alma caminha assim com ele, sua voz, como um acalanto, faz arder meu coração e eu lhe estendo a mão, queixas e murmuração, transformadas num pedido de amor:

– Fica comigo, Senhor!

O dia declina. Já não sou mais jovem, nem forte, nem cheia de ilusões.

O crepúsculo me assusta, me causa pavor:

– Fica comigo, Senhor!

Mas quando suas mãos marcadas, glorificadas, se estendem para partir o pão – que é ele mesmo, minha alma alimentada, agradecida, reconhece que sempre esteve comigo, durante todo o caminho. E a alegria é tanta que quase não dá para crer:

– Eras tu, Jesus! Eras tu, Rabi!

E eu me ajoelho para adorá-lo e para escrever essa estranha mensagem de ressurreição num dia de natal...

E hoje, o terceiro dia, o terceiro mês, o terceiro ano... Que esperava eu?

Não me lembro. Não importa.

O milagre aconteceu!

Há luz ao meu redor, há luz dentro de mim:

Jesus nasceu! Ele vive! Está aqui! Emanuel! Rabi!

Glória a Deus nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor!

O caminho da espera se fez o da esperança:

Deus feito criança nasceu, cresceu, morreu, ressuscitou, cumpriu as promessas, deixou a promessa:

– Este Jesus há de voltar um dia!

E tudo isto é tão lindo, tão pleno, tão consolador, que a gente tem que terminar repetindo com o anjo anunciador:

– Não temais! Eis que vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo:

hoje vos nasceu Jesus Cristo, o salvador!

Vos nasceu – nasceu para nós, cada um de nós, mesmo para os que caminham na direção de Emaús.

Hoje é dia de ressurreição e de advento, dia da renovação do entendimento, que vem em resposta ao meu clamor:

– Fica comigo, Jesus! E Jesus ficou!

Noite feliz! Noite de paz! Noite de amor!



Myrtes Mathias

In.: poesiaevanglica.blogspot.com

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

TEORIA DO MEDALHÃO, Machado de Assis

TEORIA DO MEDALHÃO
Diálogo


— Estás com sono?

— Não, senhor.

— Nem eu; conversemos um pouco. Abre a janela. Que horas são?

— Onze.

— Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um anos, no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de nada, e estás homem, longos bigodes, alguns namoros...

— Papai...

— Não te ponhas com denguices, e falemos como dois amigos sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes. Senta-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, um diploma, podes entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa, na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. Os mesmos Pitt e Napoleão, apesar de precoces, não foram tudo aos vinte e um anos. Mas, qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum. A vida, Janjão, é uma enorme loteria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra. Isto é a vida; não há planger, nem imprecar, mas aceitar as coisas integralmente, com seus ônus e percalços, glórias e desdouros, e ir por diante.

— Sim, senhor.

— Entretanto, assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar um ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não indenizem suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te aconselho hoje, dia da tua maioridade.

— Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá?

— Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, porém, as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra consolação e relevo moral, além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me bem, meu querido filho, ouve-me e entende. És moço, tens naturalmente o ardor, a exuberância, os improvisos da idade; não os rejeites, mas modera-os de modo que aos quarenta e cinco anos possas entrar francamente no regímen do aprumo e do compasso. O sábio que disse: “a gravidade é um mistério do corpo”, definiu a compostura do medalhão. Não confundas essa gravidade com aquela outra que, embora resida no aspecto, é um puro reflexo ou emanação do espírito; essa é do corpo, tão-somente do corpo, um sinal da natureza ou um jeito da vida. Quanto à idade de quarenta e cinco anos...

— É verdade, por que quarenta e cinco anos?

— Não é, como podes supor, um limite arbitrário, filho do puro capricho; é a data normal do fenômeno. Geralmente, o verdadeiro medalhão começa a manifestar-se entre os quarenta e cinco e cinqüenta anos, conquanto alguns exemplos se dêem entre os cinqüenta e cinco e os sessenta; mas estes são raros. Há-os também de quarenta anos, e outros mais precoces, de trinta e cinco e de trinta; não são, todavia, vulgares. Não falo dos de vinte e cinco anos: esse madrugar é privilégio do gênio.

— Entendo.

— Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, deves pôr todo o cuidado nas idéias que houveres de nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente; coisa que entenderás bem, imaginando, por exemplo, um ator defraudado do uso de um braço. Ele pode, por um milagre de artifício, dissimular o defeito aos olhos da platéia; mas era muito melhor dispor dos dois. O mesmo se dá com as idéias; pode-se, com violência, abafá-las, escondê-las até à morte; mas nem essa habilidade é comum, nem tão constante esforço conviria ao exercício da vida.

— Mas quem lhe diz que eu...

— Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da perfeita inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício. Não me refiro tanto à fidelidade com que repetes numa sala as opiniões ouvidas numa esquina, e vice-versa, porque esse fato, posto indique certa carência de idéias, ainda assim pode não passar de uma traição da memória. Não; refiro-me ao gesto correto e perfilado com que usas expender francamente as tuas simpatias ou antipatias acerca do corte de um colete, das dimensões de um chapéu, do ranger ou calar das botas novas. Eis aí um sintoma eloqüente, eis aí uma esperança. No entanto, podendo acontecer que, com a idade, venhas a ser afligido de algumas idéias próprias, urge aparelhar fortemente o espírito. As idéias são de sua natureza espontâneas e súbitas; por mais que as sofremos, elas irrompem e precipitam-se. Daí a certeza com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, distingue o medalhão completo do medalhão incompleto.

— Creio que assim seja; mas um tal obstáculo é invencível.

— Não é; há um meio; é lançar mão de um regímen debilitante, ler compêndios de retórica, ouvir certos discursos, etc. O voltarete, o dominó e o whist são remédios aprovados. O whist tem até a rara vantagem de acostumar ao silêncio, que é a forma mais acentuada da circunspecção. Não digo o mesmo da natação, da equitação e da ginástica, embora elas façam repousar o cérebro; mas por isso mesmo que o fazem repousar, restituem-lhe as forças e a atividade perdidas. O bilhar é excelente.

— Como assim, se também é um exercício corporal?

— Não digo que não, mas há coisas em que a observação desmente a teoria. Se te aconselho excepcionalmente o bilhar é porque as estatísticas mais escrupulosas mostram que três quartas partes dos habituados do taco partilham as opiniões do mesmo taco. O passeio nas ruas, mormente nas de recreio e parada é utilíssimo, com a condição de não andares desacompanhado, porque a solidão é oficina de idéias, e o espírito deixado a si mesmo, embora no meio da multidão, pode adquirir uma tal ou qual atividade.

— Mas se eu não tiver à mão um amigo apto e disposto a ir comigo?

— Não faz mal; tens o valente recurso de mesclar-te aos pasmatórios, em que toda a poeira da solidão se dissipa. As livrarias, ou por causa da atmosfera do lugar, ou por qualquer outra razão que me escapa, não são propícias ao nosso fim; e, não obstante, há grande conveniência em entrar por elas, de quando em quando, não digo às ocultas, mas às escâncaras. Podes resolver a dificuldade de um modo simples: vai ali falar do boato do dia, da anedota da semana, de um contrabando, de uma calúnia, de um cometa, de qualquer coisa, quando não prefiras interrogar diretamente os leitores habituais das belas crônicas de Mazade; 75 por cento desses estimáveis cavalheiros repetir-te-ão as mesmas opiniões, e uma tal monotonia é grandemente saudável. Com este regímen, durante oito, dez, dezoito meses — suponhamos dois anos, — reduzes o intelecto, por mais pródigo que seja, à sobriedade, à disciplina, ao equilíbrio comum. Não trato do vocabulário, porque ele está subentendido no uso das idéias; há de ser naturalmente simples, tíbio, apoucado, sem notas vermelhas, sem cores de clarim...

— Isto é o diabo! Não poder adornar o estilo, de quando em quando...

— Podes; podes empregar umas quantas figuras expressivas, a hidra de Lerna, por exemplo, a cabeça de Medusa, o tonel das Danaides, as asas de Ícaro, e outras, que românticos, clássicos e realistas empregam sem desar, quando precisam delas. Sentenças latinas, ditos históricos, versos célebres, brocardos jurídicos, máximas, é de bom aviso trazê-los contigo para os discursos de sobremesa, de felicitação, ou de agradecimento. Caveant, consules é um excelente fecho de artigo político; o mesmo direi do Si vis pacem para bellum. Alguns costumam renovar o sabor de uma citação intercalando-a numa frase nova, original e bela, mas não te aconselho esse artifício; seria desnaturar-lhe as graças vetustas. Melhor do que tudo isso, porém, que afinal não passa de mero adorno, são as frases feitas, as locuções convencionais, as fórmulas consagradas pelos anos, incrustadas na memória individual e pública. Essas fórmulas têm a vantagem de não obrigar os outros a um esforço inútil. Não as relaciono agora, mas fá-lo-ei por escrito. De resto, o mesmo ofício te irá ensinando os elementos dessa arte difícil de pensar o pensado. Quanto à utilidade de um tal sistema, basta figurar uma hipótese. Faz-se uma lei, executa-se, não produz efeito, subsiste o mal. Eis aí uma questão que pode aguçar as curiosidades vadias, dar ensejo a um inquérito pedantesco, a uma coleta fastidiosa de documentos e observações, análise das causas prováveis, causas certas, causas possíveis, um estudo infinito das aptidões do sujeito reformado, da natureza do mal, da manipulação do remédio, das circunstâncias da aplicação; matéria, enfim, para todo um andaime de palavras, conceitos, e desvarios. Tu poupas aos teus semelhantes todo esse imenso aranzel, tu dizes simplesmente: Antes das leis, reformemos os costumes! — E esta frase sintética, transparente, límpida, tirada ao pecúlio comum, resolve mais depressa o problema, entra pelos espíritos como um jorro súbito de sol.

— Vejo por aí que vosmecê condena toda e qualquer aplicação de processos modernos.

— Entendamo-nos. Condeno a aplicação, louvo a denominação. O mesmo direi de toda a recente terminologia científica; deves decorá-la. Conquanto o rasgo peculiar do medalhão seja uma certa atitude de deus Término, e as ciências sejam obra do movimento humano, como tens de ser medalhão mais tarde, convém tomar as armas do teu tempo. E de duas uma: — ou elas estarão usadas e divulgadas daqui a trinta anos, ou conservar-se-ão novas: no primeiro caso, pertencem-te de foro próprio; no segundo, podes ter a coquetice de as trazer, para mostrar que também és pintor. De oitiva, com o tempo, irás sabendo a que leis, casos e fenômenos responde toda essa terminologia; porque o método de interrogar os próprios mestres e oficiais da ciência, nos seus livros, estudos e memórias, além de tedioso e cansativo, traz o perigo de inocular idéias novas, e é radicalmente falso. Acresce que no dia em que viesses a assenhorear-te do espírito daquelas leis e fórmulas, serias provavelmente levado a empregá-las com um tal ou qual comedimento, como a costureira — esperta e afreguesada, — que, segundo um poeta clássico,

Quanto mais pano tem, mais poupa o corte,
Menos monte alardeia de retalhos;

e este fenômeno, tratando-se de um medalhão, é que não seria científico.

— Upa! que a profissão é difícil.

— E ainda não chegamos ao cabo.

— Vamos a ele.

— Não te falei ainda dos benefícios da publicidade. A publicidade é uma dona loureira e senhoril, que tu deves requestar à força de pequenos mimos, confeitos, almofadinhas, coisas miúdas, que antes exprimem a constância do afeto do que o atrevimento e a ambição. Que D. Quixote solicite os favores dela mediante ações heróicas ou custosas é um sestro próprio desse ilustre lunático. O verdadeiro medalhão tem outra política. Longe de inventar um Tratado Científico da Criação dos Carneiros, compra um carneiro e dá-o aos amigos sob a forma de um jantar, cuja notícia não pode ser indiferente aos seus concidadãos. Uma notícia traz outra; cinco, dez, vinte vezes põe o teu nome ante os olhos do mundo. Comissões ou deputações para felicitar um agraciado, um benemérito, um forasteiro, têm singulares merecimentos, e assim as irmandades e associações diversas, sejam mitológicas, cinegéticas ou coreográficas. Os sucessos de certa ordem, embora de pouca monta, podem ser trazidos a lume, contanto que ponham em relevo a tua pessoa. Explico-me. Se caíres de um carro, sem outro dano, além do susto, é útil mandá-lo dizer aos quatro ventos, não pelo fato em si, que é insignificante, mas pelo efeito de recordar um nome caro às afeições gerais. Percebeste?

— Percebi.

— Essa é publicidade constante, barata, fácil, de todos os dias; mas há outra. Qualquer que seja a teoria das artes, é fora de dúvida que o sentimento da família, a amizade pessoal e a estima pública instigam à reprodução das feições de um homem amado ou benemérito. Nada obsta a que sejas objeto de uma tal distinção, principalmente se a sagacidade dos amigos não achar em ti repugnância. Em semelhante caso, não só as regras da mais vulgar polidez mandam aceitar o retrato ou o busto, como seria desazado impedir que os amigos o expusessem em qualquer casa pública. Dessa maneira o nome fica ligado à pessoa; os que houverem lido o teu recente discurso (suponhamos) na sessão inaugural da União dos Cabeleireiros, reconhecerão na compostura das feições o autor dessa obra grave, em que a “alavanca do progresso” e o “suor do trabalho” vencem as “fauces hiantes” da miséria. No caso de que uma comissão te leve à casa o retrato, deves agradecer-lhe o obséquio com um discurso cheio de gratidão e um copo d’água: é uso antigo, razoável e honesto. Convidarás então os melhores amigos, os parentes, e, se for possível, uma ou duas pessoas de representação. Mais. Se esse dia é um dia de glória ou regozijo, não vejo que possas, decentemente, recusar um lugar à mesa aos reporters dos jornais. Em todo o caso, se as obrigações desses cidadãos os retiverem noutra parte, podes ajudá-los de certa maneira, redigindo tu mesmo a notícia da festa; e, dado que por um tal ou qual escrúpulo, aliás desculpável, não queiras com a própria mão anexar ao teu nome os qualificativos dignos dele, incumbe a notícia a algum amigo ou parente.

— Digo-lhe que o que vosmecê me ensina não é nada fácil.

— Nem eu te digo outra coisa. É difícil, come tempo, muito tempo, leva anos, paciência, trabalho, e felizes os que chegam a entrar na terra prometida! Os que lá não penetram, engole-os a obscuridade. Mas os que triunfam! E tu triunfarás, crê-me. Verás cair as muralhas de Jericó ao som das trompas sagradas. Só então poderás dizer que estás fixado. Começa nesse dia a tua fase de ornamento indispensável, de figura obrigada, de rótulo. Acabou-se a necessidade de farejar ocasiões, comissões, irmandades; elas virão ter contigo, com o seu ar pesadão e cru de substantivos desadjetivados, e tu serás o adjetivo dessas orações opacas, o odorífero das flores, o anilado dos céus, o prestimoso dos cidadãos, o noticioso e suculento dos relatórios. E ser isso é o principal, porque o adjetivo é a alma do idioma, a sua porção idealista e metafísica. O substantivo é a realidade nua e crua, é o naturalismo do vocabulário.

— E parece-lhe que todo esse ofício é apenas um sobressalente para os deficits da vida?

— Decerto; não fica excluída nenhuma outra atividade.

— Nem política?

— Nem política. Toda a questão é não infringir as regras e obrigações capitais. Podes pertencer a qualquer partido, liberal ou conservador, republicano ou ultramontano, com a cláusula única de não ligar nenhuma idéia especial a esses vocábulos, e reconhecer-lhe somente a utilidade do scibboleth bíblico.

— Se for ao parlamento, posso ocupar a tribuna?

— Podes e deves; é um modo de convocar a atenção pública. Quanto à matéria dos discursos, tens à escolha: — ou os negócios miúdos, ou a metafísica política, mas prefere a metafísica. Os negócios miúdos, força é confessá-lo, não desdizem daquela chateza de bom-tom, própria de um medalhão acabado; mas, se puderes, adota a metafísica; — é mais fácil e mais atraente. Supõe que deseja saber por que motivo a 7ª companhia de infantaria foi transferida de Uruguaiana para Canguçu; serás ouvido tão-somente pelo Ministro da Guerra, que te explicará em dez minutos as razões desse ato. Não assim a metafísica. Um discurso de metafísica política apaixona naturalmente os partidos e o público, chama os apartes e as respostas. E depois não obriga a pensar e descobrir. Nesse ramo dos conhecimentos humanos tudo está achado, formulado, rotulado, encaixotado; é só prover os alforjes da memória. Em todo caso, não transcendas nunca os limites de uma invejável vulgaridade.

— Farei o que puder. Nenhuma imaginação?

— Nenhuma; antes faze correr o boato de que um tal dom é ínfimo.

— Nenhuma filosofia?

— Entendamo-nos: no papel e na língua alguma, na realidade nada. “Filosofia da história”, por exemplo, é uma locução que deves empregar com freqüência, mas proíbo-te que chegues a outras conclusões que não sejam as já achadas por outros. Foge a tudo que possa cheirar a reflexão, originalidade, etc., etc.

— Também ao riso?

— Como ao riso?

— Ficar sério, muito sério...

— Conforme. Tens um gênio folgazão, prazenteiro, não hás de sofreá-lo nem eliminá-lo; podes brincar e rir alguma vez. Medalhão não quer dizer melancólico. Um grave pode ter seus momentos de expansão alegre. Somente, — e este ponto é melindroso...

— Diga.

— Somente não deves empregar a ironia, esse movimento ao canto da boca, cheio de mistérios, inventado por algum grego da decadência, contraído por Luciano, transmitido a Swift e Voltaire, feição própria dos céticos e desabusados. Não. Usa antes a chalaça, a nossa boa chalaça amiga, gorducha, redonda, franca, sem biocos, nem véus, que se mete pela cara dos outros, estala como uma palmada, faz pular o sangue nas veias, e arrebentar de riso os suspensórios. Usa a chalaça. Que é isto?

— Meia-noite.

— Meia-noite? Entras nos teus vinte e dois anos, meu peralta; estás definitivamente maior. Vamos dormir, que é tarde. Rumina bem o que te disse, meu filho. Guardadas as proporções, a conversa desta noite vale o Príncipe de Machiavelli. Vamos dormir.

In.: portal.mec.gov.br

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

www.pibpavuna.com.br

Pastoral dia 28/01/2007

"Penso também que fica suave saber que os grupos mais conhecidos no Brasil e no mundo pela tradição, oriundos que foram da Reforma Protestante, são: Os metodistas, surgiram de João Wesley, filho de um missionário anglicano. Os congregacionais ou independentes, surgiram por volta de 1580, dissidentes que foram da Igreja anglicana. Os luteranos, como o próprio nome diz, como suas práticas até hoje.

Infelizmente os ventos de 1800 não foram só de avivamento e restauração. Surgiram o racionalismo e modernismo. Karl Marx (1818) apareceu como o maior agnóstico, materialista, socialista e ateísta, dizimando milhões de cristãos. Sua máxima era “A religião é ópio do povo”. Em 1859 Charles Darwin publicou a sua obra “Origem das Espécies”, em seguida “A descendência do Homem”. Desta forma, estava criada a “Teoria da Evolução”, tentando minar os fundamentos sagrados. O que diríamos de Voltaire (1694-1778), a era da razão? O que dizer de Nietzsche (1844-1900), dizendo que Deus estava morto? Em seguida veio Sigmund Freud (1856-1939), com a teoria “Homem Animal”. Pior, um certo Russel, criou o russelismo (1916), conhecidos “Testemunhas de Jeová” ou “Sociedade Torre de Vigia”, negando a ressurreição de Jesus Cristo. Em Boston (1879) surge “Cientistas Cristãos”, um gnóstico clássico, negando Jesus em carne.

Mas para glória de Deus e alegria nossa, em uma gloriosa tarde de outono, Charles Darwin estava confinado à cama por alguns meses antes da sua morte, agarrado a uma Bíblia, lia hebreus. Depois apontou para gênesis dizendo: “Eu não deveria ter escrito nada sobre a evolução”.

Em 1900 surgiu o pentecostalismo, movimento que buscava a herança dos avivalistas, heróis da fé, usando como bandeira “o batismo no Espírito Santo” e tendo o falar em línguas, para muitos, a evidência deste batismo. O Evangelho Quadrangular surgiu em 1923, pela dinâmica e controvertida ministra das Assembléias de Deus, Aimee Semple McPherson. Em 1948 surgiu em Amsterdã, na Holanda o “Conselho Mundial de Igrejas”, cuja finalidade era dizer quem é quem, o que é Igreja e o que não é Igreja. O que mais tarde tornou-se quase impossível, devido a um sem número de igrejas e denominações que surgem da noite para o dia. Você conhece bem isto hoje. Em 1951, sob a inspiração e um próspero produtor de leite da Califórnia, Demos Shakarian, fundou-se a ADHONEP (Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno). Como se o Evangelho de Cristo não fosse pleno. Mas valeu o esforço, só que coisas e coisas surgiram no meio e hoje, já quase não se fala nisto. Por volta de 1970 surgiu o movimento católico carismático, oriundo de uma “bênção especial” de Notre Dame em South Bend, Indiana. Entre os primeiros a receber a bênção estava Kevin (da faculdade Sta. Mary em Notre Dame), no Michigan State.

Os BATISTAS que se espalharam pela Europa e Estados Unidos, chegaram também ao Brasil. Em 10 de setembro de 1871, foi fundada a Igreja Batista em Santa Bárbara do Oeste, S.P. Em 1882, organizava-se a primeira Igreja Batista em Salvador, BA, por William e Ann Bagby, Zachary, Kate e ex. padre, Antonio Teixeira de Albuquerque. Em 1884, foi fundada a Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, RJ. Em 1907, foi organizada a Convenção Batista Brasileira em Salvador, BA. Daí por diante, criou-se juntas missionárias, seminários teológicos e colégios Batistas. Em 1960, realizou-se no Maracanã, a décima Aliança Batista Mundial, tendo como pregador, o internacionalmente conhecido “Billy Graham”. Em 1963, foi constituída a Comissão dos 13, compostas de renomados e exponenciais líderes batistas, para dirimir dúvidas doutrinárias, respeitantes a doutrina do Espírito Santo. Em 1965, realizava-se a Grande Campanha Nacional de Evangelização, tendo como Slogam “Cristo, a Única Esperança”, sob a batuta do pastor Dr. Rubens Lopes, saudosa memória. Isto deixou marcas indeléveis no Brasil cristão. Foi o maior feito dos batistas brasileiros até então. Eu, que era noviço e verdulento, apaixonei-me pela obra de Deus e evangelização de massa. Hoje, quem somos? Como estamos no ranking das denominações?

Evidentemente, já não somos tão missionários e evangelistas como nos primeiros cem anos. Por outro lado, os movimentos neopentecostais vem se espraiando com tanto ímpeto e policronia, que ocupam na mídia televisiva espaços & espaços com propostas de crescimento, a base de competições, asfixiando qualquer princípio moderado. Destarte, apresentamos uma sinopse antitética do que sem lupa se pode constatar destes movimentos supraditos, com raras e honrosas exceções.

O EVANGELHO DE CRISTO e os evangelhos dos homens;É verdade que só há um evangelho. (Gl. 1:6-10). Entretanto, vejo na mídia televisa e escrita coisas & coisas. Daí se dizer:

1. No Evangelho de Cristo se lê: “De graça recebestes, de graça daí...
No comportamento de muitos se vê: Só prego por 15 mil dólares...”

2. No Evangelho de Cristo se lê: “Não temos prata nem ouro”...
No comportamento de muitos se vê muito ouro, prata, milhões de dólares.

3. No Evangelho de Cristo se lê: “Quando fordes não leveis ouro, nem prata”...
No comportamento de muitos se vê; dólares na cueca e até na Bíblia.

4. No Evangelho de Cristo se lê: “Ai de mim se não pregar o Evangelho”...
No comportamento de muitos se vê: Cantar ou pregar só por muito dinheiro;

5. No Evangelho de Cristo se lê: “Senhor, perdoa-nos os pecados”...
No comportamento de muitos se vê: Nós exigimos o que é nosso e até perdoamos ao Senhor Deus;

6. No Evangelho de Cristo se lê: “Jesus veio para publicanos e pecadores”...
No comportamento de muitos se vê: Congresso somente para ricos em hotéis cinco estrelas;

7. No Evangelho de Cristo se lê: “Não por força nem violência... mas pelo Espírito do Senhor”...
No comportamento de muitos se vê: Tire das igrejas sérias, pessoas, custe o que custar, exigimos para você chegar a ser apóstolo;

8. No Evangelho de Cristo se lê: “Deus não faz acepção de pessoas”...
No comportamento de muitos se vê: Os nossos negócios são para homens de negócios ou empresários.

9. No Evangelho de Cristo se lê: “Nada podemos contra a verdade, senão pela verdade”...
No comportamento de muitos se vê: Debaixo da mentira nos escondemos...

10. No Evangelho de Cristo se lê: “Jesus Cristo é o Senhor”.
No comportamento de muitos se vê: artistas, estrelas e verdadeiros senhores.

REFERÊNCIAS BÍBLICAS(Mt. 10:8), (At. 3:6), (Mt.10:9), (I Co. 9:16), (Mt. 6:12), (Lc. 5:32), (Zc.4:6), (At.10:34),(II Co. 13:8),(Is. 28:15), (Fl. 2:11).