sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

QUEREM ACABAR COM O PALÁCIO CAPANEMA



O Capanema é da Cultura e da Educação!

O Palácio Gustavo Capanema, por onde passam a história da educação e da cultura brasileira, está sob a ameaça de perder seu caráter de símbolo cultural do país e se transformar em sede do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de 2016. Essa é a intenção, já anunciada, do governador Sérgio Cabral.

Não é a primeira tentativa de descaracterização do prédio. É bom lembrar que, em 2008, o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) apresentou o projeto de lei 2.929, não aprovado, propondo a doação do Palácio ao Estado do Rio de Janeiro. Na justificativa de seu projeto, o senador utilizava o argumento da economia que a doação representaria para o Estado do Rio de Janeiro:

“É de conhecimento de todos que o Poder Público Federal ainda detém grande número de imóveis na cidade do Rio de Janeiro, a despeito de já se terem passado quase cinqüenta anos da transferência da capital do país. De seu turno, o Governo do Rio de Janeiro, na ausência de infra-estrutura própria suficiente para abrigar os órgãos da sua Administração Pública vê-se na necessidade de despender significativo montante de recursos para pagamento de aluguéis dos prédios onde funcionam os serviços públicos estaduais. Por exemplo, o prédio onde funciona o DETRAN é alugado por mais de R$ 800.000 por mês.”

Resumo da ópera: o prédio que abriga um tesouro artístico e dispõe de galerias, auditórios, bibliotecas, salões e jardins correu seriamente o risco de vir a ser transformado em sede do DETRAN.

Os argumentos do senador eram os mesmos hoje usados pelo governador: má utilização do prédio. Esses argumentos não resistem à realidade: seus 16 andares estão ocupados em toda sua plenitude por órgãos dos ministérios da Educação e da Cultura : as representações do MEC e do MinC, o Iphan, a Funarte, o Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional e a Fundação Palmares. Em suma, a economia para a administração pública estadual resultaria no aumento nas despesas do Poder Público Federal já que a doação implicaria na exigência de aluguel de novos espaços para realocar as instituições federais lá instaladas.

O uso do Palácio Capanema sempre esteve relacionado a seu histórico. Essa intenção de transformá-lo em sede burocrática do comitê organizador de um grandioso evento esportivo não leva em consideração uma série de limitações decorrentes de sua condição de prédio tombado: não se pode alterar o interior, que é constituído por pequenos compartimentos, os lambris têm que ser mantidos, os móveis têm que ser originais ou réplicas perfeitas.

Além disso, o Ministério da Educação já investiu R$ 900 mil na elaboração de um projeto que visa a implantar no Palácio um Centro de Referência em Educação e Cultura. As ações do Centro trabalhariam quatro eixos temáticos:

• Movimentos sociais, culturais e educacionais e a formação da escola brasileira;

• Pensamentos pedagógicos e culturais na modernidade brasileira;

• Políticas, legislação e direitos educacionais;

• Múltiplas linguagens artísticas.

Por todos os motivos expostos acima, Molon está coordenando um abaixo-assinado dirigido ao presidente Lula solicitando que a realização deste importante evento esportivo na cidade não seja usada para despejar a cultura e a educação do Palácio Gustavo Capanema. Artistas e educadores como Paulo Betti, Cristina Pereira, João Cândido Portinari, Carlos Roberto Jamil Cury, Esther Arantes e Célia Linhares já assinaram.

FONTE: Email que circula na internet


Um comentário:

Unknown disse...

Embora tardio, esse texto merece comentário. Após trabalhar mais de 5 anos nesse prédio, posso afirmar com toda a certeza: O PRÉDIO É MAL UTILIZADO!
Há pelo menos dois andares cuja ocupação é realizada exclusivamente com arquivos do IPHAN (papelada, não há objetos artísticos ou documentos de valor histórico). A Funarte é uma piada como instituição e poderia ocupar o prédio que lhe cabe próximo ao Menezes Côrtes. E existe pelo menos um andar desocupado (logo abaixo da representação do MEC).
Farão um FAVOR ao prédio, que se encontra em PÉSSIMAS condições (já demandei adicional por insalubridade por trabalhar lá), em cedê-lo ao Estado.